quinta-feira, 30 de julho de 2009

A didática respira !

O papel da didática hoje é o mesmo que foi sempre: deve propor técnicas de ensino aos professores para que se efetive uma adequada aprendizagem dos alunos. É isso que se espera da escola, que os alunos saiam sabendo. Isso não mudou, todos querem isso: pais, professores e alunos, apesar de toda a modernização e relativização do ensino com o advento da universalização, da inclusão e das demais demandas sociais de aprendizagem escolar.
“A didática tem como objeto os processos de ensino e aprendizagem”(...) “Refere-se aos procedimentos de realização do encontro entre o ensinar e o aprender.” OLIVEIRA (2009).
Nesse sentido, é cada vez mais presente, não se esgotou na década de 70, como muitos preconizam. O que acontece é que o termo didática foi demonizado, pois é entendido atualmente como sinônimo de “aula autoritária”, “professor orador”, “alunos enfileirados”, ou resumindo, escola como aparelho do Estado na reprodução da ditadura militar. É justo execrarmos a ditadura militar, mas devemos ter cuidado. Ao jogar fora a água suja da banheira, estamos jogando junto o bebê. Nada mais injusto a Comenius e todos aqueles que se debruçaram sobre a didática, a sistematização da prática pedagógica, a questão central da própria pedagogia.
Qual o estado da arte da didática ? Ainda, segundo Oliveira (2009):
Com base em uma teoria educacional, a Didática indica diretrizes que orientam a atividade dos professores. Diferentes abordagens possuem concepções próprias sobre o processo de ensino e aprendizagem, sobre as finalidades da educação, o papel da escola, o papel do professor, o papel do conhecimento, o ensinar e o aprender, sobre o papel dos pais e da comunidade.
Portanto, Para se estabelecer um método didático eficiente é preciso primeiramente que estejam bem definidos teoricamente os papéis sociais dos atores envolvidos: o papel da escola, o papel da educação, o papel dos professores, dos pais, do Estado, da comunidade e principalmente o papel dos alunos. Ora, estes papéis nunca estiveram tão indefinidos em nossa sociedade, pois estamos passando por uma revolução tecnológica sem precedentes, principalmente no campo da comunicação e informação e com o surgimento da pós-modernidade, que estão tornando relativas as estruturas da sociedade industrial tal qual a conhecemos (família nuclear, separação entre público e privado, Estado de Direito, etc.).
Daí a enorme dificuldade em estabelecer teoricamente uma metodologia didática que pretenda ser ao mesmo tempo científica, prática e eficiente. Se temos múltiplas opiniões a respeito sobre o que ensinar, pra quem ensinar, por que ensinar, então como podemos pretender saber como ensinar ?
Nesse contexto fragmentado e relativizado, deve existir portanto, várias maneiras de ensinar, todas válidas; educação comunitária, dos múltiplos e diversos valores e tradições e inclusive a educação familiar, sem a escola ou mesmo sem a escrita.
Mas aí entra o problema da legitimidade, do reconhecimento e do valor social da instituição. Uma pessoa educada informalmente poderá cursar uma universidade ? Qual o critério de competência ? Esse diploma seria reconhecido ? Reconhecido por quem ? Ou a prática profissional desta pessoa também seria relativizada ? Se assim fosse, então qual seria o valor de um diploma ? E se o diploma tiver valor relativo, qual seria então a função e o valor social da escola ?