Podemos observar a partir deste
gráfico, elaborado com dados do IPEA - Instituto de Pesquisas Econômicas
Aplicadas, que em 1993, um ano antes do Plano Real, mais de 1/3 da população
brasileira vivia abaixo da linha de pobreza. Ou seja, um em cada três
brasileiros vivia com menos de US$ 2,00 por dia.
Depois de 10 anos de economia
estabilizada, em 2003, a quantidade de brasileiros que vivia com apenas US$
2,00 por dia permaneceu praticamente a mesma, cerca de 60.000.000 de habitantes.
Enquanto isso, a população cresceu a uma taxa acumulada de aproximadamente 15%
nestes 10 anos. Neste período a pobreza não diminuiu, apenas deixou de crescer
nas mesmas proporções que a população, por conta da estabilidade econômica. Apesar
de não ter havido nenhuma melhora no indicador em termos de números absolutos –
ou seja, a quantidade de brasileiros pobres praticamente não se alterou no período – o crescimento da população permitiu que se considerasse ligeira melhora relativa, em termos percentuais, da situação de pobreza da população brasileira, pois a
proporção de pobres em relação ao total da população diminuiu, apesar da
quantidade de pobres ter permanecido praticamente a mesma. Ou seja, a proporção de pobres no Brasil diminuiu de fato - pois a população aumentou - no entanto, o governo brasileiro, nesse período, não tirou praticamente ninguém da situação de pobreza.
Aí está portanto uma verdade matemática que, dependendo como for utilizada, pode justificar uma mentira política.
Portanto, é preciso estar atento aos simples números, dados, gráficos e tabelas jogados ao vento nas mídias, tanto pelos governos quanto pelas oposições. Geralmente, quando são utilizados de forma pura e simples, sem contextualização ou até mesmo de forma saturada, enchendo os olhos e ouvidos do espectador - que não tem fôlego para raciocinar sobre os mesmos - são falaciosos e servem apenas para justificar e dar um ar científico, racional, exato, imutável, incorruptível às mentiras que expressam, sepultando legitimamente as verdades que escondem.
Podemos observar também que, a
partir de 2003 – início da era PT - a quantidade de brasileiros que viviam
abaixo da linha de pobreza foi diminuindo
a cada ano e, depois de cerca de 10 anos (em 2012, ainda com um governo com a
mesma orientação política) o número de brasileiros que viviam com menos de US$
2,00 por dia caiu a quase a metade do número que havia há 20 anos, em 1993,
sendo que a proporção de pobres caiu de 1/3 (30%) para 1/6 (15%) da população.
Esse dado torna-se mais
significativo ao se considerar que a população brasileira cresceu, nesse
período de 20 anos, cerca de 30%. Ou seja, a população cresceu a uma taxa
acumulada de cerca de 15% neste período de 10 anos enquanto cerca de 20.000.000
de brasileiros foram saindo da situação de pobreza.
A notícia - amplamente divulgada
- do "resgate" de milhões de brasileiros da situação de pobreza é,
evidentemente, importantíssima. Mas também é muito importante a notícia - quase
esquecida - de que hoje existem poucos brasileiros ainda nesta condição de
pobreza, se compararmos esta breve década aos cinco séculos anteriores da
história deste país.
Em cinco séculos, os grupos políticos
que governaram o Brasil construíram uma sociedade na qual 1/3 da população se
manteve na pobreza. Na última década – um pouco mais – os grupos políticos que
governam o país democraticamente (eleitos, reeleitos, e eleitos e reeleitos
novamente) conseguiram arrancar da situação de
pobreza mais de 20.000.000 de brasileiros, diminuindo o número de pobres para
menos da metade do que havia herdado dos antigos proprietários da nação,
alterando assim a proporção de pobres neste país, de 1/3 (mais de 30%) para 1/6
(menos de 15%) da população brasileira.
Óbviamente que isso é, para
aqueles grupos que mantinham secularmente a população em penúria, absolutamente
insuportável !
Por conta disso, a oposição fica
esbravejando - pela boca de seus marionetes, a maior parte da classe média, que
se pauta pelo jornalismo marrom de subúrbio – palavras de ordem vazias,
antidemocráticas e até mesmo criminosas. São aberrações amorais, aéticas,
fascistas e criminosas, que vão desde o “Fora Dilma! Fora PT!” até “Dilma! Por
que não te mataram em 64?”, passando por “Somos todos Cunha”! (claro que essa, antes
do escândalo suíço) e agora, reformulada,
com “Cunha é corrupto, mas está do nosso lado!” (essa é demais hein?); além da
clássica estupidez “S.O.S. militares!”.
Essa oposição vazia, de pauta
única, sem agenda de governo e que busca apenas o poder pelo poder, tenta de
qualquer forma dar um golpe de Estado, travestido de impeachment, em uma
presidenta eleita democraticamente em eleições legítimas, sob alegação de
corrupção.
Essa patética “ação nacional de
reintegração de posse” (não me lembro onde eu li isso, mas achei fantástico!) é
até o momento injustificada, tanto pelo fato de que não se comprovou nada contra a
Presidenta, quanto pela condição de imundícia das mãos daqueles que a acusam - mais sujas do que “pau de
galinheiro” como dizia minha avó. Sujas
até na Suíça, diga-se de passagem. Vejam só...
O governo popular das décadas de
00 e 10 do século XXI certamente entrará para os livros de história do Brasil
das próximas gerações como aquele que promoveu uma verdadeira revolução na
política e na sociedade brasileira, instituindo a transparência da coisa
pública, a independência do judiciário e da polícia federal e com isso, o
início (ainda que lento e não sem resistência) asfixiamento do nepotismo, do
clientelismo de varejo, do peculato e da corrupção ativa e passiva e do
patrimonialismo nas relações entre governo e sociedade, entre o público e o
privado. Um governo que, além de promover uma verdadeira revolução nas estruturas
classistas deste país, levou megaempresários -
pela primeira vez na história - para a cadeia, por causa de corrupção;
um governo que não fez malabarismos como fez todos os anteriores (quem aí se
lembra do "engavetador da República" Geraldo Brindero) para impedir
que alguns de seus principais e históricos quadros fossem presos por corrupção;
um governo que cortou na própria carne diversos tumores contaminados pelos
resquícios corruptos dos padrões de poder e administração da coisa pública da
velha política clientelista, coronelista e patrimonialista que caracterizam a
coisa pública no Brasil, desde sempre.
Erros foram cometidos, é claro.
Os tumores ainda não foram todos extirpados. Há metástase, como todo câncer
maligno. Mas o mais importante é que – diferentemente de outras épocas - quem se corrompeu está sendo investigado e punido.
É a aplicação da máxima “Para os amigos, a lei”, numa inversão afirmativa de valores
tradicionalmente corrompidos. Pois as instituições foram transformadas. E isso
não retrocede. O corpo que sobreviver - e, claro, vai sobreviver - será
certamente um corpo mais puro. Mutilado, mas muito mais puro. Comparativamente
às punições dos períodos anteriores (as que houveram, é claro), hoje há
punições exemplares. Aqueles que hoje apontam poderosamente o dedo - embora não
os tenham limpos – são os descontentes com as transformações institucionais que
os impedirão, para sempre, de continuar com a histórica farra, nos mesmos
moldes. Hoje, membros do governo e megaempresários estão sendo punidos por
corrupção. Óbviamente, por ocuparem posições seculares de poder, os contragolpes desses grupos tradicionais de poder ora afetados apresentam força diretamente proporcional ao poder que possuem.
Não pensemos que a luta é igual. Apesar de ser governo, a luta é desigual,
pois o inimigo é a quimera empoderada há séculos pelas elites rentistas, cujas raízes se encontram nas fazendas
de café e cana-de-açúcar e. É uma luta injusta, mas gloriosa e necessária. A
promoção da transparência e a reconstrução das instituições políticas são conquistas
diretas da situação do povo no poder. São da sociedade brasileira. Tal situação jamais havia ocorrido na história deste país
– apesar de vários ensaios ao longo da sangrenta epopéia nacional - e,
certamente, é a maior conquista da
sociedade brasileira, até hoje. A história certamente comprovará essa
conjectura de blogueiro. Mas certamente não esterei aqui pra ler tais livros. Apesar das "verdades" fabricadas e justificadas por
números, dados e até mesmo fatos, a verdade é que o povo, no final das contas -
e apesar dos megafones midiáticos marrons - é quem sabe e quem faz a sua
própria história.
Portanto, é preciso estar atento aos simples números, dados, gráficos e tabelas jogados ao vento nas mídias, tanto pelos governos quanto pelas oposições. Geralmente, quando são utilizados de forma pura e simples, sem contextualização ou até mesmo de forma saturada, enchendo os olhos e ouvidos do espectador - que não tem fôlego para raciocinar sobre os mesmos - são falaciosos e servem apenas para justificar e dar um ar científico, racional, exato, imutável, incorruptível às mentiras que expressam, sepultando legitimamente as verdades que escondem.
Cada vez mais comum, essa forma
de justificar posições políticas inverídicas a partir de conclusões advindas da
análise enviesada de dados estatísticos, exatos, é uma falácia e deveria ser
criminalizada.
A matemática e a estatística são
ciências fundamentais, nobres e fantásticas e não podem ser usadas com fins
espúrios por políticos, economistas, sociólogos e jornalistas parciais,
comprometidos criminosamente com uma ou outra esfera de poder.