Fonte: <http://www.msn.com/pt-br/noticias/mundo/sob-protestos-cidade-chinesa-come%C3%A7a-o-maior-festival-de-carne-de-cachorro-do-mundo/ar-AAholh7o > acesso em 22.jun.2016
Comer cachorro é um absurdo!...não é mesmo?.
Mas na China, comer cachorro é um hábito alimentar de sua cultura. Na Índia, comer picanha
de vaca como muitos fazem todo final de semana e pisar na cabeça de cobra são sacrilégios que impedem que o hindu consiga atingir moksha.
Em Israel (ou em qualquer país árabe, amigo ou
inimigo do povo escolhido), comer costeleta de porco é pecado.
Ursos e búfalos eram
sagrados para os nativos da América do Norte. São os mesmos animais abatidos por estratégia pelos valentes
pioneiros do Oeste americano e hoje, por esporte, por milionários texanos e
cantores de rock metálicos. Todos estes brancos, quase sempre bisnetos daqueles heróis que
exterminaram tanto os búfalos e ursos das planícies sagradas e florestas temperadas
quanto os seus adoradores, os primitivos índios Cheyenne, Sioux, Comanches
e Apaches.
Lobos e raposas eram
sagrados para os povos selvagens da Europa. São os mesmos animais submetidos à crueldade e escárnio
até hoje, tanto em histórias infantis quanto em caçadas injustas e nababescas
promovidas por nobres ociosos e reis tiranos, gente da mesma laia que daqueles que
expulsaram do sacrossanto território da Europa central os bárbaros adoradores desses
bichos que representam o perigo, a violência e a astúcia ardilosa.
Leões e elefantes são
sagrados para quase todos os povos africanos. São os mesmos animais caçados hoje por civilizados
dentistas e CEOs do ocidente nas savanas africanas, enquanto estão nos safáris,
em férias de suas corporações - que são as mesmas que exploram há séculos as
riquezas e os povos daquele continente, os negros Masai e Camaroneses, entre
centenas de outros, adoradores de leões e elefantes.
Tatu e onça pintada são
sagrados para quase todos os povos indígenas brasileiros. Hoje, enquanto, com
uma das mãos, servimos aos gordos fazendeiros goianos o tatu recheado com
cenoura e vinho branco, com a outra mão - a mão oficial, estatal do exército brasileiro - abatemos nossa onça Juma com um
tiro certeiro, após tê-la usado de ornamento na peça publicitária global sobre a brasilidade cordial do
maior país católico do mundo, após a celebração midiática de um ritual pagão em homenagem aos deuses
gregos do olimpo. Enquanto isso, jorram do legislativo e judiciário, leis e execuções de restrição
das poucas terras que ainda restam aos tataranetos daqueles mesmos indígenas
massacrados, Tupinambás, Tamoios, Nambiquaras, Tapuias, nossos próprios ancestrais.
E por trás das legitimadas cortinas da
promoção oficial do etnocídio de Estado, jagunços de resistentes coronéis do
séc. XXI continuam a abater curumins e cunhatãs nas florestas do país - logo após de estuprá-los, evidentemente - da mesma
forma com que o Estado brasileiro abateu a coitada da onça Juma após estuprar sua natureza acorrentada. E nas cidades,
debaixo de viadutos, nos sopés de picos ou em bancos de praça, os filhos daqueles que promovem a justiça, a lei, a ordem e o progresso neste país ateiam fogo nos caciques confundidos com mendigos, enquanto o povo permite que sejam todos – índios,
onças, cachorros, mendigos, direitos, democracia e vergonha - abandonados à própria sorte.
Mas eu amo cachorro ok?. O
meu chama-se Fluck. E é muito fofo!