segunda-feira, 29 de agosto de 2016

País irmão

Flamengo e Camarões: um engenheiro e uma paixão

Comunidade Baka em Lomié, Camarões.
Disponível em: Acesso em 29.ago,.2016


O país tem uma população majoritariamente jovem, negra, alfabetizada e católica. São famosos por sua alegria, jovialidade e otimismo. Sua seleção de futebol é sempre sensação nas competições internacionais, apesar de ter suas maiores estrelas defendendo clubes europeus. Para competir nas Olimpíadas Rio 2016, a delegação olímpica deste país contou com a presença de 24 atletas.

Apresenta significativa exportação de produtos primários, produtos da agricultura, pecuária e mineração, inclusive petróleo. A exploração econômica desses produtos se dá principalmente por meio de empresas multinacionais europeias e estadunidenses. Ocupa o 13º lugar no ranking do PIB-produto interno bruto entre os países do continente e o 96º lugar no mesmo ranking em relação ao resto do mundo, figurando na frente de países como Mônaco, Liechtenstein, Letônia, Estônia, Bermudas, entre outros. No entanto, apesar das riquezas naturais exploradas, a população apresenta desenvolvimento humano baixo, ocupando a posição 153º no IDH, entre os 188 países do ranking da ONU.

É uma República parlamentarista formalmente democrática, com eleições presidenciais regulares. O país tem severas leis, inclusive com pena de morte para diversos crimes e prisão perpétua para a prática homossexual, considerada crime grave.

A esta altura já deu pra perceber que estamos falando de Camarões; um país e um povo muito semelhante ao nosso. 

Neste país africano o presidente Paul Byia, do partido da União Democrática do Povo Camaronês governa ininterruptamente há 34 anos, sendo reeleito sucessivamente durante sete mandatos. Byia ascendeu ao poder após uma implicada renúncia do primeiro presidente dos Camarões, Ahmadou Ahidjo em 1982, do qual era primeiro-ministro ou seja, seu homem de confiança.

Ahidjo liderou a conquista da independência do povo camaronês após um século de dominação colonial inglesa e francesa e, antes, alemã. Desde sua posse, o presidente Byia desenvolve uma intensa política de propaganda no sentido de eliminar do imaginário político da população camaronesa os símbolos do popular ex-presidente Ahidjo, retirando até mesmo a referência ao antigo líder do Hino de Camarões. Perseguido pelo antigo amigo e aliado político e julgado à revelia a pena de morte, Ahidjo exilou-se na França. Tentou retomar o poder desde então, sem sucesso, e morreu pouco tempo depois, em 1989, no Senegal.

O presidente Byia reprimiu diversas manifestações civis desde sua ascensão ao poder e hoje, há mais de três décadas no comando do país, legitimado politicamente por contínuas eleições formalmente democráticas, governa de forma estável num país extremamente desigual, no entanto, pacificado. Apesar de contemplar todos os processos democrático-formais nos pleitos, Byia é acusado por observadores internacionais de fraudes em várias eleições, além de desrespeito aos direitos humanos. Seu estilo austero e autoritário de governo deve manter Camarões no caminho de seu atual destino, ou seja, sem maiores transformações econômicas ou sociais que reorientem a economia para uma situação de independência do capital internacional e que promovam uma maior igualdade de oportunidades ao povo camaronês, como acesso aos direitos sociais fundamentais - saúde, educação e transporte de qualidade.


Enquanto isso, o iluminado povo camaronês segue trabalhando, produzindo riquezas, lutando pelo pão de cada dia, com muita dificuldade, mas sempre otimista, alegre, confiante; em suma, pacificado – ou melhor, resignado. Um povo que segue sonhando com um futuro melhor para os seus filhos, com o ouro olímpico talvez e, quem sabe um dia, com a tão desejada copa do mundo.