Fonte: https://www.logisticadescomplicada.com/gerenciando-a-capacidade-em-utis/
Segundo dados da Secretaria de Educação do Estado de são Paulo, conforme o site G1, o número de professores afastados por transtornos em SP quase dobra em 2016 e vai a 50 mil. (leia a íntegra).
25mil profesores foram afastados por transtornos mentais em 2015 e 50mil em 2016. O dobro! em um ano! Esse número representa 37% do total de professores em licença médica por motivos diversos em 2016. Ou seja, há portanto um total de 137mil professores afastados em licença médica!. Isso, por si só, já é um absurdo! Pensar que esta massa de profissionais - a classe de profissionais mais qualificada, embora mais mal paga do país - esteja temporária ou permanentemente inválida é, além de uma crueldade, uma perda irracional de recursos humanos e econômicos.
Mas a reportagem citada não leva em conta aqueles professores que se exoneram. E são muitos. Mas não entram nessa estatística, pois saem do sistema. E muitos destes exoneram-se no primeiro ano de trabalho no cargo. Mas será que os motivos que levam um profissional a se exonerar de um tão sonhado cargo público, agindo dessa forma tão "inconsequente", logo no início da nova carreira, seria tão diferente daqueles motivos que levam anualmente milhares de professores à licença médica tão traumática?
Creio que não. Mas essa é apenas uma reflexão que precisaria de dados consistentes para ser melhor fundamentada e exposta. Por ora, deixemo-la de lado, deixando de lado também os números de professores licenciados por outros motivos que não sejam médicos, como aqueles que se licenciaram sem vencimentos (pela 202), muitos por stress e cansaço físico e emocional, que escolheram "dar um tempo" na carreira para repensar se tudo isso vale a pena mesmo... e voltemos à análise daquilo que traz a notícia do início desta semana.
Creio que não. Mas essa é apenas uma reflexão que precisaria de dados consistentes para ser melhor fundamentada e exposta. Por ora, deixemo-la de lado, deixando de lado também os números de professores licenciados por outros motivos que não sejam médicos, como aqueles que se licenciaram sem vencimentos (pela 202), muitos por stress e cansaço físico e emocional, que escolheram "dar um tempo" na carreira para repensar se tudo isso vale a pena mesmo... e voltemos à análise daquilo que traz a notícia do início desta semana.
São 137mil professores em licença médica, ou seja, mais da metade do professorado estadual paulista que é de 206mil professores (efetivos+temporários, dados de 2016) estão doentes. Mas isso não significa necessariamente que aqueles que permanecem na lida estejam gozando de excelente saúde. Mas o fato é que mais da metade - ou melhor, 60% - foram empurrados para fora do sistema educacional e inseridos no sistema de previdência e assistência por causa da insanidade daquele sistema de onde foram expulsos pela cruel realidade das escolas paulistas de hoje.
Agora façamos uma pergunta simples: como pode um sistema funcionar com mais de 60% de disfuncionalidade? Poderia um sistema, seja ele qual for: digestório, cardiovascular, capitalista, industrial, funcionar com déficit de mais da metade de seus órgãos/membros? O que aconteceria com um organismo cujo coração bate perfeitamente mas 60% das veias e artérias estão entupidas? Colapso e falecimento certo? Me corrijam os médicos se eu estiver errado e, caso esteja certo, alguns (ou todos) certamente irão dizer que nesse caso - seguindo mesmo a ética deontológica da medicina na qual o valor maior é a preservação da vida do paciente - seria lícito utilizar todos os meios possíveis para preservar a vida daquele que não se mantém vivo sozinho.
Pois bem, o sistema educacional público do Estado de São Paulo, em colapso há muito tempo, está agonizando na UTI. Sua saúde vem se agravando ao longo do tempo; vem respirando artificialmente apenas pela obstinação de cada vez menos heróis que ainda resistem na dura rotina escolar diária. É um sistema que utiliza-se da sonda gástrica da licença médica - que expurga o que não lhe é aproveitável. Mas vem recebendo, como profilaxia insuficiente, frequentes transfusões de sangue novo, como na chamada em out/2016 de mais de 20mil professores do concurso e novamente mais 7mil em Junho deste ano.
No entanto, este sangue novo, inserido no sistema infecto, fatalmente será em grande parte contaminado, para daí ser expurgado também nos próximos anos. Mas tudo bem. Tem muito sangue a ser utilizado ainda no banco de sangue dos concursos públicos oferecidos a uma classe de trabalhadores tão desrespeitada que se sujeita a arriscar a sorte nessa verdadeira roleta russa em que se transformou o sistema educacional público de São Paulo. Quem sabe consegue-se entrar numa escola "boa" onde não há agressões a professores (ao menos agressões físicas), onde as drogas não corram quase que abertamente pelos corredores e onde a direção seja minimamente eficiente no controle da indisciplina e na parceria com as famílias.
Enfim, essa é a política pública educacional deste governo que aí está a tanto tempo aplicando este projeto cruel de destruição da educação pública, ceifando a saúde (e a produtividade) de milhares de profissionais da educação e também o futuro de milhões de jovens estudantes.
Pois bem, ou exigimos definitivamente o restabelecimento da saúde da educação, com o fim dessa política criminosa e a adoção de uma política compromissada com a qualidade de vida dos professores e dos alunos (e isso é perfeitamente possível) ou então muito mais vidas e muto mais sonhos serão destruídos, até que se dê definitivamente a falência do organismo com a entrega do corpo aos urubus de plantão.
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